quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Comentando o Evangelho: 10/08/2011

Fonte: 33catolico / Comunidade São Paulo Apóstolo / Adaptação Ermida dos Irmãos

Evangelho segundo João 12,24-26

Muitas vezes, em seus ensinamentos, Jesus Cristo se utiliza de contrastes violentos. Entre eles, repetem-se as antíteses viver X morrer, ganhar X perder. O Mestre de Nazaré diz certas coisas que ficam atravessadas na goela do mundo pagão: “Quem quiser ser o primeiro, seja o último”. “Quem perde, ganha”. “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vem a perder a sua alma?”

Hoje, quando a Liturgia celebra S. Lourenço, um diácono que deu a vida por sua fé, a Igreja nos recorda a imagem do grão de trigo. Nele, pulsa um mistério. Nasceu e cresceu em uma espiga de ouro, sob o calor de muitos sóis, embalado pelo vento musical. Pode ser armazenado, e ficará estéril. Ou pode ser lançado à terra e, morrendo, dar início a um novo ciclo de vida, multiplicando-se em novas espigas.

Morrer para viver. Morrer para gerar novas vidas. Abraçar a cruz da missão, aceitar a dor moral, assumir compromissos cansativos para que outros venham a nascer para a vida que não passa...

De fato, toda obra humana se realiza à custa de sacrifícios, labores e cansaços. Há industriais que se matam para ganhar dinheiro e fazer fortuna. Muitos políticos se sacrificam para construir um império de poder. Quantos artistas atravessam o planeta em todos os quadrantes para ganhar a fama, recebendo aplausos de um público que os idolatra! Dinheiro, poder e glória humana parecem dar razão a seus esforços. Todos eles são apontados como heróis que chegaram ao sucesso...

Mas o tempo passa, implacável... A traça rói os tesouros acumulados, os impérios caem por terra e novos ídolos destronam os antigos. Ao fim da existência, fica apenas o gosto amargo de uma conquista efêmera. Mãos vazias, corações vazios, a alma vazia. Nada que nos possa acompanhar até a eternidade.

Será que não somos capazes de um sacrifício semelhante por valores que o tempo não nos poderá roubar? Não teremos coragem de trabalhar sério para educar os filhos no amor e na fé? Não teremos ânimo de estender por todo o planeta uma rede de evangelização que seja portadora da esperança para as novas gerações? Não teremos a ousadia de contrapor ao mundo consumista uma vida simples e sóbria, fraterna e solidária, comprometida com os deserdados do sistema?

Que grão de trigo queremos ser?